quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Entrevista

                                                                     
Bárbara Lustoza é administradora por formação, Atriz por paixão, formou-se pela Escola Técnica de Artes da UFAL e atuou em espetáculos como "Pinóquio", "Sala de Ensaio" e "Nem Morta". Entusiasta e pesquisadora da inclusão, desde de 2013 com Libras, interpretando em Conferências, Peças, Palestras, Sala de Aula, Janelas de Libras para TV e Internet; Instrutora de Libras da Escola de Governo de AL; desde 2015 com áudio-descrição, de imagens estáticas nas mídias sociais e audiovisual online. Atualmente estuda Letras/Português no IFAL e reúne suas experiências no Youtube (Canal Bárbara Lustoza) onde produz conteúdo acessível com os recursos de áudio-descrição e Legendas.

FESTAL: O que é Acessibilidade?
BÁRBARA: A acessibilidade é, uma condição fundamental e imprescindível a todo e qualquer processo de inclusão social, e se apresenta em múltiplas dimensões, incluindo aquelas de natureza atitudinal, física, tecnológica, informacional, comunicacional, linguística e pedagógica, dentre outras. É, ainda, uma questão de direito e de atitudes: como direito, tem sido conquistada gradualmente ao longo da história social; como atitude, no entanto, depende da necessária e gradual mudança de atitudes para com as pessoas com deficiência.

F: Fale-nos sobre áudio-descrição e Libras.
B: Estes recursos estão dentro da acessibilidade comunicacional (auditiva ou visual). Para as pessoas com deficiência visual é utilizado o recurso da áudio-descrição que faz uma tradução das imagens em palavras, possibilitando que a pessoa tenha acesso à informação visual do espetáculo como movimentos, figurino e expressões. Já a Libras é a sigla para Língua Brasileira de Sinais, segunda língua oficial do Brasil, utilizada pela comunidade surda. Com a Libras há uma tradução interlingual de uma língua oral (texto falado) para uma língua visoespacial onde as palavras viram sinais e a pontuação, expressão corporal e facial.

F: Qual é o compromisso do Festal com a acessibilidade?
B: Desde o ano passado a equipe do Festal abraçou a ideia de incluir os recursos de acessibilidade na programação, pois entendemos a arte como direito de todos. O festival têm sido referência em Alagoas ao incluir os recursos de acessibilidade em sua programação, pois sabemos que embora haja uma legislação que assegure o direito à acessibilidade, no ambiente artístico ainda há a se fazer nas produções locais. Este ano, além da Libras conseguimos incluir também a áudio-descrição e hoje já faz parte da proposta do Festal ser acessível para todos.

F: Como saber que um espetáculo do festival é acessível?

B: A programação com os espetáculos que dispõe deste recurso está no meu blog: www.barbaralustoza.com.br e também no blog do festival: www.festivaldeteatrodealagoas.blogspot.com.br basta acessá-los e baixar o PDF com toda a programação. Quanto à Libras não há um limite de quantidade, mas em relação à áudio-descrição é necessário a confirmação da presença, pois temos disponíveis apenas dez receptores.

F: Por que a arte deve ser acessível?
B: Considero a arte como expressão natural humana capaz de atingir o nosso âmago, seja emocionando seja causando estranhamento. Assim, acredito no acesso às manifestações artísticas como um direito humano universal, tal qual rege a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1947) em seu Artigo XXVII, § 1 : “Toda a pessoa tem direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir das artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios." Ao definir a arte como direito de todos, entende-se que nesse "todos" também se encaixam as pessoas com deficiência. Enquanto artistas, proponho a vocês um exercício de empatia para investigar esse lugar do outro ser que percebe a vida de maneira diferente, seja com uma limitação visual, auditiva ou motora. Enquanto criadores precisamos ampliar as possibilidades para o alcance do nosso fazer artístico, não só disponibilizando o recurso de acessibilidade, mas interagindo com as pessoas com deficiência, divulgando, buscando feedbacks e trocando experiências. Acredito que este exercício só aperfeiçoará os envolvidos tanto artistas quanto público.

F: Acessibilidade é um tema exclusivo das pessoas com deficiência?
B: Não, ao buscar a acessibilidade, defendemos um Direito Humano, que possibilita a equidade de oportunidades e que é condição imprescindível para que a inclusão social aconteça. Segundo Romeu Sassaki, "O paradigma da inclusão social consiste em tornarmos a sociedade toda um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e condições na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades."

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